balde branco

Área de descanso para as vacas com muito conforto térmico

ASSISTÊNCIA TÉCNICA

PRODUTOR BUSCA TECNOLOGIAS
e consegue ser referência em

QUALIDADE DO LEITE

Além de ser destaque na qualidade do leite, produtor dá exemplo de compartilhamento de tecnologia para ajudar um grupo de produtores no manejo de controle da mastite

João Antônio dos Santos

Eles sempre tinham como meta produzir leite com produtividade e qualidade, mas era um sonho distante, dadas as condições precárias de que dispunham. Só que estas não foram suficientes para fazê-los desistir do sonho. Com muito trabalho e determinação, passo a passo foram evoluindo e hoje contabilizam vários prêmios pela qualidade do leite. É assim que começa a se desenhar a história da Agropecuária Ribeiro, localizada em São José dos Campos (SP). Uma empresa familiar tocada por Guilherme Oliveira Ribeiro, seu pai, Antônio Carlos Ribeiro, e seu irmão Gabriel, que desde 1994 estão focados na produção de leite. No início, seu pai tinha umas cinco ou seis vacas em lactação, com uma produção, em ordenha manual, entre 50 e 60 litros de leite por dia, que eram comercializados nas redondezas. “Mesmo sendo uma pequena produção, é o que nos sustentava e sempre tínhamos em mente que era preciso crescer e fazer melhor, dentro das nossas condições. E aos poucos fomos avançando”, lembra Guilherme.

Em 2012, adquiriram uma ordenhadeira balde ao pé e um pequeno trator para facilitar os serviços na propriedade de 16,8 hectares, com topografia irregular, em que apenas 3 ha são possíveis de se trabalhar com trator. Outro avanço foi Guilherme fazer um curso de inseminação artificial, pois os três já sabiam da importância de melhorar a genética do rebanho, sem esquecer a necessidade de fornecer alimento de melhor qualidade para os animais. “Como disse, para nós, tudo tinha de ser feito gradativamente. Hoje, temos um rebanho já bem puxado para o Holandês”, assinala. 

COM TREINAMENTO NO CONTROLE DA MASTITE E CUIDADOS HIGIÊNICOS NA ORDENHA, A QUALIDADE DO LEITE DEU UM SALTO SIGNIFICATIVO

Na metade do ano de 2019, deu um passo a mais, instalando uma sala de ordenha com fosso bem simples e muito funcional. Antes, era muito cansativo e demorado o trabalho de ordenha. Conseguiram reduzir em cerca de uma hora esse trabalho e com bem menos esforço.   

Quanto à qualidade do leite, sobretudo a CCS, até 2016 estava sempre na média entre 700 mil e 900 mil/células somáticas/ml, que não conseguiam baixar, por mais que tentassem. Por fim, Guilherme resolveu buscar conhecimentos sobre o assunto e fez um curso online sobre controle de mastite. “Tão logo coloquei em prática o que havia aprendido, em um mês de caiu de 700 mil para 280 mil/células somáticas/ml, padrão que não mais foi ultrapassado, mas principalmente só vem caindo. Temos conseguido isso com um manejo muito eficiente no controle da mastite, com o uso racional de antibióticos”, explica o produtor, destacando que dispensa uma atenção especial no período seco das vacas, seguindo o protocolo recomendado.

Primeiro passo foi buscar eficiência na produção de alimento para o gado

Recentemente, avançou mais ainda na redução da CCS, com a instalação na propriedade da tecnologia da OnFarm, o minilaboratório para a identificação do agente da mastite em 24 horas. “Isso nos permite um monitoramento eficiente dos animais”, diz. “Desde então, não temos casos de mastite clínica no rebanho e raros de mastite subclínica”, afirma Guilherme. 

Ele explica que uma semana antes da secagem faz teste de cultura e direciona o medicamento para o tipo de bactéria identificado, utilizando também o selante. “Com isso, nosso padrão de CCS, já há alguns meses, está abaixo de 150 mil/células/ml (chegamos já num mês a 105 mil/células/ml). Fiz um comparativo entre o custo de uma mastite (medicamentos, perda de leite, etc.), anteriormente, com o que gastamos hoje e a diferença é muito grande, atualmente é quase zero o gasto com mastite.”  

O trio que consegue resultados excepcionais na qualidade do leite (esq. para dir.): Gabriel, Antônio Carlos e Guilherme

Eficiência na produção de alimento – Um problema que afligia o pecuarista era a produção de alimento de qualidade para o gado. Esse era um desafio que vinha enfrentando há tempos e que foi superado, em grande parte, com a assistência técnica proporcionada pelo programa Evolui Leite, instituído pela Dan Vigor. Os trabalhos na propriedade Agropecuária Ribeiro se iniciaram em setembro de 2017, sob  orientação de Yuri César Tristão, engenheiro agrônomo, consultor técnico para a região de Cruzeiro (SP), do programa Evolui Leite.

Feito o diagnóstico, Yuri Tristão indicou um plano de ação para obter maior eficiência na produção de alimento de qualidade. “Sob sua orientação, começamos a explorar com mais eficiência o que tínhamos, a pastagem rotacionada de capim-elefante, com tratamento do solo adequado e manejo correto do pasto. Também novos alimentos entraram na dieta das vacas, principalmente para o período da seca, como o milheto e a cana-de-açúcar, assim como a introdução do milho reidratado. Melhor qualidade da dieta, com menos custo”, relata Guilherme. Com mais comida de qualidade, o número de animais aumentou, assim como a produtividade e o volume de leite.

Yuri Tristão: Compartilhar tecnologia de identificação do patógeno da mastite trouxe grande benefício para os 15 produtores em termos de melhoria da qualidade do leite

Também a CBT registrada na propriedade de Guilherme tem chamado a atenção de outros produtores, pois ela tem se mantido muito baixa ao longo ano, inclusive caindo a 1.000 UFC/ml em alguns períodos, sendo que na média do ano fica entre 3 mil e 5 mil/UFC/ml. “Claro que o fato de ser um trabalho familiar, entre ele, o pai e o irmão, pesa muito, porém um dos principais pontos que gostaria de ressaltar é que os três seguem o mesmo padrão de procedimentos das tarefas no manejo dos animais. Eles estão engajados, discutem e sempre estão juntos nas reuniões que fazemos para a avaliação e orientação técnica do programa Evolui Leite.”

Nesses últimos anos, a Agropecuária Ribeiro conquistou vários troféus conferidos pela Dan Vigor pela qualidade do leite, com baixas CCS e CBT. 

PERFIL DO REBANHO

• Rebanho: 55 animais ¾ e 7/8 sangue Holandês
• Vacas em lactação: 22 (média 20 litros de leite/vaca/dia)
• Vacas secas: 9
• Animais jovens: 24
• Intervalo entre partos: 12 meses
• Idade 1.º parto: 25 meses

PRODUÇÃO DE LEITE

• Produção diária: 440 litros de leite
• Meta até 2021: 750 litros/dia, com 30 vacas em lactação

QUALIDADE DO LEITE

• CCS: média em 2019 – 180 mil células somáticas/ml (meta em 2020: média abaixo de 100 mil células/ml)
• CBT: média em 2019 – 4 mil a 5 mil UFC/ml
• Proteína: 3,24%
• Gordura: 3,92%

Compartilhando tecnologia – Segundo Guilherme, a opção por instalar, na propriedade, a tecnologia de identificação do patógeno causador da mastite foi devido aos vários casos da doença e principalmente pela indecisão quanto o que fazer para curar o animal. “Ficava sem saber se tratava ou não tratava, se ia curar ou não, enfim, não sabia o que estava acontecendo. Aí, nós três optamos por instalar o equipamento.” No curto prazo, constataram resultados animadores e também que iria sobrar material de teste.

Foi então que ele teve a ideia de convidar alguns produtores para utilizar o equipamento de sua fazenda para monitorar suas vacas. “Hoje, são 15 produtores vizinhos que fazem o teste de cultura do leite na minha propriedade. E isso me dá uma grande satisfação, pois o que tenho aprendido passo para eles, que estão obtendo bons resultados. Fico feliz, pois nesse grupo havia produtores que tinham CCS acima de 800 mil/células/ml e em três meses baixaram para 150 mil células/ml”, diz.

Seguir rigorosamente as orientações de Yuri é o que ele, o pai e o irmão não descuidam, pois constatam no dia a dia da fazenda o quanto isso é necessário. “Outro cuidado é na escolha dos produtos para limpeza da sala de ordenha, da ordenhadeira e, inclusive, do pré e pós-dipping. Priorizamos produtos de boa qualidade, mesmo que sejam um pouco mais caros, pois os resultados são garantidos. E aí está a qualidade do nosso leite para comprovar”, comenta, observando que é importante não achar que só os produtos vão fazer milagre: “É preciso rigor no trabalho e no manejo para se obter o resultado almejado”.

Yuri Tristão ressalta a importância de Guilherme disponibilizar o uso da tecnologia para produtores da região. “É uma atitude muito elogiável, pois traz benefícios ao grupo de 15 produtores, que estão no programa da Dan Vigor. Com a criação do grupo no Whatsapp – o On Farm do Vale do Paraíba –,  as informações são compartilhadas entre eles e a indústria, que auxilia no transporte das amostras para a propriedade de Guilherme. São fazendas de diferentes portes e de sistema de produção (pastejo, semiconfinamento, free stall e compost barn), com CCS elevada, chegando algumas a mais de 1 milhão de células/ml. Isso possibilitou a divulgação dessa valiosa ferramenta para o controle eficiente da mastite e uso racional de antibiótico, o que é comprovado por esses produtores.” 

Gustavo Rollo M. Oliveira, da área Fomento – Captação de Leite da Vigor.

PROJETO EVOLUI LEITE VIGOR

Vigor oferece a seus fornecedores de leite diversos projetos de fomento, que contam com recursos e tecnologias aos produtores, para que estes possam elevar o nível tecnológico das propriedades e melhorar a qualidade do leite. “Com o projeto Evolui Leite Vigor não é diferente. Buscamos o desenvolvimento sustentável das propriedades leiteiras por meio de consultoria tecnológica, com foco em aumento de produção, produtividade, melhoria da qualidade do leite e gestão. Importante ressaltar que esta ação de fomento faz parte do projeto Mais Leite Saudável, do Ministério da Agricultura”, explica Gustavo Rollo M. Oliveira, da área Fomento – Captação de Leite da Vigor.

Esse projeto começou a ser adotado em 2017, com uma equipe de cinco consultores, entre médicos veterinários e engenheiros agrônomos, atendendo cerca de 75 propriedades. Segundo relata Oliveira, a execução do trabalho nas propriedades se dá em quatro etapas principais:

• Diagnóstico: É realizado o levantamento do potencial da propriedade, com estruturas físicas e maquinários, sistema de produção, condições do rebanho e capacidade de trabalho da mão de obra;

• Plano de ação: Nesta etapa é realizada uma reunião entre técnico e produtor, na qual será feita a exposição do diagnóstico técnico com a indicação do potencial produtivo e dos gargalos da propriedade. Essas informações serão alinhadas com a expectativa do produtor em relação ao crescimento da propriedade e então elaborado um plano de ação;

• Ações coletivas: São realizadas ações coletivas com o objetivo de agregar conhecimentos, troca de experiências e discussão de resultados do projeto;

• Reunião de resultados: Este é o momento de revisar o plano de ação a partir dos resultados alcançados, checar os indicadores e traçar novas metas.

Reunião de produtores recebendo orientação do programa Evolui Leite

Durante os atendimentos, os consultores têm um olhar amplo sobre todas as áreas, como qualidade do leite; reprodução; manejo alimentar; cria/recria; sanidade do rebanho;  e gestão da propriedade.

Quanto ao exemplo dos produtores sob orientação de Yuri Tristão, que, junto com o produtor Guilherme Ribeiro, criou o Grupo OnFarm do Vale do Paraíba, Oliveira faz questão de frisar que é uma iniciativa muito importante. “Acredito que a união dos produtores só traz benefícios, seja para compra de insumos, para troca de experiências, seja principalmente para se manterem antenados quanto às novidades e tecnologias que surgem no mercado. Produzir leite é uma atividade que cada vez mais exige conhecimento e cada vez mais é cobrado pelo consumidor final um produto de qualidade.”

Ele observa ainda que grande parte dessas fazendas utiliza o compost barn e algumas delas têm um grande desafio em relação à CCS, que é muito elevada, em torno de 1 milhão, e agora estão melhorando os resultados, graças à identificação das bactérias de mais difícil controle. Foi identificado como principal patógeno o S. aureus. “E nosso trabalho não foca no descarte de vacas identificadas com esse patógeno, pois temos claro que o objetivo da fazenda é o controle desse patógeno, que demanda um trabalho bem longo nessas fazendas.” 

Para o controle da mastite, Yuri Tristão explica que orienta os produtores quanto à seleção das vacas e à linha de ordenha, para que eles tomem decisões acertadas e possam fornecer à indústria um leite de qualidade. “Com uma contagem muito alta, o rendimento industrial da matéria-prima fica muito comprometido. E, pelo lado do produtor, há uma forte desvalorização do leite. E esse conhecimento e orientação que passamos aos produtores comprova- se na prática que é possível sair de 1 milhão de CCS para 200 mil, conforme temos vários casos.” Depois de identificados os patógenos predominantes nessas fazendas, ele direciona os tratamentos específicos e foca no tratamento de vaca seca.  

Pelos dados levantados por Yuri, o primeiro grande ganho que essas propriedades tiveram foi quanto à secagem das vacas, pois nesse período a taxa de cura é muito maior, sendo crucial para a saúde das vacas durante a lactação. E em cada fazenda foi identificado o agente causador da mastite. “Houve variações grandes de custos em relação ao tratamento da secagem, em algumas foi preciso recorrer ao selante, enquanto em outras precisaram entrar com medicação para combater o agente identificado. Isso trouxe mais eficiência e o uso racional de antibiótico, além da melhoria expressiva na redução da CCS”, relata, observando que em algumas fazendas o custo da mastite era muito elevado, mas, com a identificação do patógeno, a indicação certa para combatê-lo e a padronização dos procedimentos, reduziram-se drasticamente os custos do controle da doença.

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