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A cada dia há inovações e incentivos para cobrir as perdas ou danos nas fazendas

SEGURO RURAL

Proteção contra perdas e danos

na propriedade leiteira

Há diversos tipos de cobertura no mercado de seguro rural, o que faz com que cada vez mais produtores optem pela contratação. Especialistas falam sobre a importância dessa ferramenta de redução de prejuízos

Erick Henrique

A atividade agropecuária, muito provavelmente, é um dos setores econômicos com os maiores níveis de incerteza quanto aos seus resultados. Isso ocorre por causa da ocorrência de eventos adversos, naturais ou não, o que pode gerar consideráveis perdas na produção, como quebras de safra, mortalidade de animais, incêndios, roubos e furtos de maquinários e instalações destruídas por tempestades, dentre outras situações. Visando minimizar as consequências dessas ocorrências, os produtores estão se valendo do seguro rural.

Em videoconferência recentemente realizada pelo Ministério da Agricultura, para apresentar os produtos disponíveis para a pecuária de leite e de corte, dentro do projeto Monitor do Seguro Rural, a pasta informou que, em 2020, registrou 1.722 apólices contratadas dentro do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Trata-se de um programa desenvolvido e operacionalizado pelo Ministério da Agricultura e que tem como objetivo subvencionar o prêmio do seguro rural, ou seja, o valor pago pelo produtor na hora da contratação. Em outras palavras, o governo paga diretamente às seguradoras uma parte do valor cobrado junto aos produtores rurais, que, no caso da pecuária (tanto corte quanto de leite), é de 40%.

Contudo, mesmo com incentivos financeiros concedidos pelo Ministério da Agricultura, o seguro rural, na pecuária, precisa ser mais conhecido pelos criadores, avalia o diretor do Departamento de Gestão de Riscos do Ministério da Agricultura, Pedro Loyola. Durante a videoconferência, Loyola destacou que o Monitor do Seguro Rural é uma oportunidade para os criadores dialogarem com as seguradoras, a fim de compreender as coberturas e propor melhorias ou até novos seguros.

Para Paulo Hora, superintendente de seguros rurais da Brasilseg, uma empresa da BB Seguros, a adesão dos bovinocultores é um processo em evolução. “Acaba que o seguro agrícola, quando olhamos para a história do programa, que já tem 16 anos, sempre teve um foco maior nas lavouras, em função dos riscos climáticos, que provocam um prejuízo muito grande. Além disso, o agricultor tem mais percepção desse tipo de risco em comparação com o pecuarista.”

Hora, que trabalha desde 2009 no mercado de seguros, em especial para o agronegócio, nota que geralmente o pecuarista está mais preocupado com as doenças do rebanho, algo que não é catastrófico, pois são perdas mais pontuais, enquanto na agricultura os eventos acabam trazendo prejuízos mais amplos. “Portanto, o seguro acabou nascendo com o objetivo de construir coberturas para as principais lavouras. Não à toa que 80% dos seguros rurais contratados são de soja e milho safrinha no Brasil”, diz o superintendente da Brasilseg.

Em sua avaliação, há uma concentração muito forte nessas culturas, mas aos poucos cresce a cobertura para arroz, café, cana-de-açúcar e trigo. “Dessa forma, a pecuária sempre teve uma contratação muito baixa no seguro rural, no qual algumas seguradoras trabalharam, no passado, com animais de elite, não só gado comercial, como também a parte de cavalos de esporte e pista. Mas hoje esse mercado está menos aquecido.” Contudo, segundo Hora, recentemente os animais de produção ganharam espaço no seguro rural, especialmente gado de corte, rebanho extensivo, animais de confinamento, com algumas seguradoras trabalhando junto a esse perfil de cliente, protegendo a vida do animal contra doenças metabólicas e endêmicas, entre outras.

Paulo Hora: “Na parte de cobertura da produção leiteira e de doenças como mastite e brucelose, há poucas empresas disponíveis no mercado”

“Em vista disso, o governo federal, por meio do Ministério da Agricultura, tem estimulado o setor, subsidiando cerca de 40% do prêmio do seguro pecuário, sendo um porcentual mais elevado em relação à cultura da soja, por exemplo, que é de 20%. Ou seja, é uma forma de oferecer recursos para incentivar o pecuarista a buscar o seguro”, avalia o executivo daBrasilseg.

Para se ter uma ideia desse mercado, Hora revela que, de janeiro a maio de 2021, o seguro pecuário para a Brasilseg teve um crescimento de 352% em relação a igual período de 2020, segundo o levantamento divulgado pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). De acordo com ele, isso é muito importante para a carteira pecuária, pois demonstra que, neste ano, o pecuarista já tem procurado mais o seguro rural.

“Acredito que esse crescimento, em 2021, se deve, em parte, à entrada da Brasilseg no setor. Porque, até o ano passado, a empresa operava só no projeto piloto, com o produto pecuário chamado ‘Faturamento’. A nossa escolha para entrar na bovinocultura foi por meio da pecuária extensiva, gado de corte, ou aquela fazenda que trabalha já no sistema de engorda. Fizemos um seguro focado no faturamento desse produtor”, informa Hora.

 

Seguros para o leite – O superintendente da Brasilseg informa que a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), junto às associações de gado leiteiro, tem procurado muito as seguradoras e o Ministério da Agricultura para a elaboração de um produto voltado à pecuária leiteira. “Mas posso dizer que ainda é pouca a participação do setor nesse mercado, sendo bem menor do que a pecuária de corte. Uma das demandas sempre foi buscar um seguro que olhasse para a variação de preço do leite pago ao produtor, porém realizar a cobertura desse risco não é um negócio simples.”

Agora, segundo Hora, atualmente já existe seguro para a parte de armazenamento e resfriamento de leite e ordenhadeiras, dentre outros equipamentos de uma fazenda leiteira. “A Brasilseg oferece um produto chamado Patrimônio Rural, voltado para bens móveis e imóveis, utilitários, enfim, todos os equipamentos que possam ser utilizados na produção de leite. Desta forma, se o equipamento de ordenha, por exemplo, ou trator for passível de seguro, o produtor pode procurar a empresa.”

Ademais, o superintendente descreve que, quando o produtor de leite pega financiamento para a atividade, se ele der em garantia esses patrimônios que estão envolvidos com a operação leiteira, o pecuarista pode fazer o seguro de penhor rural. Ou seja, a parte mais patrimonial da fazenda de leite tem muita cobertura pela Brasilseg, com seguro disponível também contra queda de raios e vendavais que destroem maquinário, por exemplo.

“Todavia, na parte de cobertura da produção leiteira e de doenças como mastite e brucelose, há poucas empresas disponíveis no mercado, mas há estudos para que possamos avançar com coberturas alternativas para o rebanho leiteiro também”, esclarece Hora.

Cabe destacar que, no caso da pecuária leiteira e de corte, quatro empresas de seguros (BrasilSeg, Fairfax, Mapfre e Swiss Re) estão habilitadas no Programa de Seguro Rural. Dependendo da seguradora e do produto, o seguro destina-se a animais registrados em associação de raça ou não registrados, podendo ser contratados nas modalidades seguro pecuário bovino ou rebanho vida em grupo e individual, de acordo com a característica dos animais.

Esse dispositivo tem como objetivo garantir indenização ao segurado em caso de morte do animal, sendo os seguintes os principais riscos cobertos: acidente, doenças infectocontagiosas endêmicas e epidêmicas preveníveis (desde que comprovadas por exames laboratoriais), raio, eletrocussão, intoxicação, ingestão de corpos estranhos, picada de cobra, entre outras.

Dicas valiosas – O presidente da Sompo Seguros, Alfredo Lalia Neto, diz que a empresa atua há mais de 15 anos atendendo a clientes do agronegócio, sobretudo oferecendo seguros para máquinas e implementos agrícolas, que são patrimônios de grande valia para os pequenos, médios e grandes produtores de leite. Ele faz questão de ressaltar que, para contratar um seguro, é muito importante o cliente buscar um corretor da sua confiança, entender quais são as coberturas e condições excludentes indicadas pelo mercado para escolher a seguradora que melhor lhe atenda.

“Importante entender o valor da máquina, possíveis perdas, o que é relevante para a sua operação para depois realizar uma cotação de seguro. A necessidade de uma inspeção será avaliada pelo tipo e idade do equipamento, experiência do segurado, além das coberturas e limites de contratação. Na Sompo Seguros, por exemplo, há situações em que essa vistoria é dispensada”, observa.

Segundo ele, quando o seguro é para equipamentos móveis novos (desde que a nota fiscal tenha sido emitida há menos de 30 dias); equipamentos estacionários novos (desde que a nota fiscal tenha sido emitida há menos de 120 dias), ou, em caso de trator agrícola com nota fiscal emitida há menos de 2 anos, são três situações em que essa vistoria é dispensada. “Também oferecemos a cobertura de responsabilidade civil – danos materiais e corporais –, que visa à cobertura de algum acidente envolvendo terceiros, entre outras possíveis coberturas, de acordo com a necessidade do cliente.”

Alfredo Lalia Neto: “Importante entender o valor da máquina, possíveis perdas, o que é relevante para a sua operação para depois realizar uma cotação”

O presidente da Sompo observa que o momento do sinistro é quando o segurado precisa contar com todo o suporte da seguradora e de seu corretor de seguros para orientá-lo, para que o processo de indenização ocorra de forma ágil e eficiente. No caso do seguro agrícola, Neto diz que a Sompo Seguros conta com o recurso de “vistoria de campo mobile”, um serviço por meio do qual o perito de campo vai até a propriedade, preenche e envia o laudo via tablet ou aparelho celular, utilizando recursos de geolocalização e imagens via satélite. Ao comunicar o sinistro à Central de Atendimento da Sompo Seguros, o segurado ou seu corretor de seguros é contatado pelo perito de campo para agendamento da vistoria.

“Na data e no horário agendados, o perito vai ao local e efetua o trabalho de vistoria, no qual preenche o laudo de sinistro diretamente em seu celular ou tablet. O laudo pode ser transmitido do próprio local, para que a equipe da companhia dê prosseguimento ao processo chamado de regulação de sinistro, que resulta na indenização do segurado. Com isso, um processo que dependia de remessa de formulários hoje acontece instantaneamente”, afirma o presidente da seguradora.

Neto complementa que os agentes da cadeia produtiva do mercado segurador, que vão desde os representantes das seguradoras, passando pelos corretores, assessorias e plataformas de seguros, entidades do segmento, etc., têm trabalhado no processo de levar mais informação e conhecimento aos produtores e gestores do agronegócio sobre a relevância da contratação e o quanto contar com a garantia de um seguro pode ser a diferença entre lucro e prejuízo em determinada safra.

CAUSAS DE SINISTROS


As principais ocorrências de sinistros em máquinas e implementos agrícolas são:

• Incêndio
• Acidente
• Roubo ou furto
• Danos materiais
• Danos elétricos

Os equipamentos com maior incidência de sinistros são:
• Colheitadeiras de grãos e de cana
• Tratores
• Plataformas de corte
• Plataformas de milho
• Pulverizadores autopropelidos
• Pás agrícolas

As causas mais frequentes de incêndio estão relacionadas à falta de manutenção preventiva, associadas à interrupção do tempo de trabalho das máquinas. Isso provoca superaquecimento, vazamento de fluidos ou combustíveis e até mesmo pane elétrica. (Fonte: Sompo Seguros)

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