Dizem que pessoas que fazem bem feito se unem num momento de suas vidas, em momentos reveladores de afinidade. É verdade. Este seria um daqueles encontros improváveis, se não fosse o destino e uma capa da revista Balde Branco. Apesar de serem mulheres fortes e produzirem no Estado de Mato Grosso, elas estavam em “mundos diferentes”. Carmen Perez trabalha com gado de corte, produz bezerros para a recria e engorda, na região de Barra do Garças, no sudeste do Estado, e mora no interior de São Paulo. Também é protagonista do movimento cultural “Quando Ouvi a Voz da Terra”, disponível no YouTube. Com 800 km de distância, Rita Hachiya é produtora de leite e queijos artesanais, em Sorriso, no centro de Mato Grosso, responsável por todos os manejos de sua propriedade, desde o trato dos animais até a entrega do queijo.
Em comum são mães, mulheres, líderes e focadas no bem-estar dos animais, tema que as uniu e fez com que Carmen, insistentemente, levasse toda a equipe para gravar o último episódio da série “Quando Ouvi a Voz da Terra” no Sítio Vila Láctea, em Sorriso. Mas como elas se encontraram?
Revelada pela Balde Branco, após a capa na edição número 677, Rita ampliou o número de seguidores nas redes sociais, entre eles, Carmen Perez, que veio por indicação. Ela ficou encantada com a forma com que Rita tratava suas vacas e mantiveram contato pelas redes sociais, até que a protagonista do filme decidiu conhecê-la. Mais do que isso, quis mostrar que há respeito e cuidado com os animais na cadeia leiteira e convidou Rita para fazer parte de sua série documental, derivada do primeiro filme. Além de Carmen, o projeto é assinado pelo diretor Nando Dias Gomes e por mim, jornalista Flávia Tonin, que também faço parte da equipe Balde Branco.
E a Balde Branco acompanhou as gravações. A logística não foi fácil! Afinal, o Sítio Vila Láctea é uma ilha em meio ao oceano de soja da pujante da região de Sorriso. Parte de um assentamento, ela conta com oito vacas Jersey em produção e encontrou o equilíbrio entre produzir, respeitar os animais, ganhar seu sustento e ser feliz. Foi isso o que atraiu o diretor Nando Dias Gomes, tanto que “o equilíbrio” é o eixo central da narrativa do episódio. Elas fizeram a ordenha, trataram dos bezerros e se sentaram em meio às vacas para uma longa conversa sobre a saúde que o leite e os animais proporcionam às pessoas.
O episódio, “Dando nome aos bois. Ou melhor, às vacas” encerra a série documental de quatro minidocs “Quando Ouvi a Voz da Terra”, que foi lançada em outubro, no Congresso Nacional das Mulheres do Agro, continuação do primeiro documentário. Se no primeiro filme, a história concentrou-se em produtores de gado de corte, desta vez avançou para os setores de cacau, mel, café e leite. Com esse material, Carmen, Nando e Flávia conseguem furar a bolha e mostrar o campo em sua verdade para outros públicos, especialmente urbanos.
Como resultado, o projeto tem dois lados, uma profunda conexão com os produtores rurais que se identificam, como também um resgate do público urbano para suas raízes, além do contato com as atuais formas de produção. Tanto que o primeiro documentário foi indicado para quatro festivais internacionais: Estados Unidos, Grécia, Reino Unido e África do Sul, premiado com Menção Honrosa de Impacto Social no Latino And Native American Film Festival (Lanaff) realizado em Connecticut (EUA).
Em sua segunda fase, “Quando Ouvi a Voz da Terra” conta com patrocínio ouro da KWS Sementes e da JBS, além da Corteva, como patrocínio prata. O apoio é da MSD Saúde Animal, da Beckhauser e da 7ª edição do Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio. O último episódio da série será lançado dia 14 de dezembro e pode ser assistido no YouTube “Quando Ouvi a Voz da Terra”.
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