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LANCES E LEILÕES

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Marcelo Azevedo

Jornalista da Embral Leilões

Quem põe o ritmo no

LEILÃO HOJE

Era fim dos anos 1980, leilões glamourosos de cavalos de corrida no Jockey Club de São Paulo. Público elegante e clima descontraído. Nilson Genovese conduzindo os trabalhos com sua maestria de praxe. Quando um incauto no tattersal começa a incomodar os trabalhos da noite.  Nilson devia conhecer o sujeito. Explicou em tom sério, mas sem arrogância, as normas do leilão. E ainda fechou com um “Aqui quem manda sou eu e segue o jogo”. Todos riram da situação, e o leilão prosseguiu tranquilamente. Somente em minha cabeça, um jovem futuro leiloeiro, aquilo ficou gravado. “Um dia, ainda falo isso no púlpito.” 

Interior de Minas Gerais, início dos anos 1990. Leilão de gado misto. Uma pequena empresa de leilões pela primeira vez estava leiloando naquela praça. Época de planos econômicos que constantemente cortavam alguns “zeros” da nossa moeda. Expliquei que pegaria os lances na razão de 20/30. Não de 5 em 5 ou 2 em 1. Pois com menos três zeros em nossa moeda não terminaria o leilão se fosse de outra forma e 99% do público entendeu. Mas um sujeito não parava de incomodar uma de nossas “pisteiras”, insistindo em querer lançar de 1 em 1. Foi quando, finalmente, resolvi usar a tal frase: “Aqui quem manda sou eu e segue o jogo”. Estava feita a confusão, pois o rapaz ficou ofendido. Por pouco, o leilão não terminou ali mesmo, mas a turma do deixa disso contornou a situação. No fim do leilão, me acompanharam até o carro para preservar minha integridade. Nunca mais fiz leilão naquela cidade. Contamos essa história, pois procuramos aqui abordar o leilão em suas fases e evolução. No passado, o ritmo imposto era mais pautado pelo leiloeiro. Hoje, nos leilões virtuais, isso mudou. 

Como a legislação vê isso? Quem tem fé pública para conduzir o leilão é o leiloeiro. Somente ele tem o podeIr de alterar algumas regras e estabelecer critérios durante o leilão. Quem fiscaliza os atos dos leiloeiros públicos são as juntas comerciais e, os do leiloeiro rural, as federações de agricultura.

As primeiras liminares autorizando o leilão via TV ou internet foram julgadas favoráveis nos anos 1990, no estado do Paraná. Quem não se lembra daqueles leilões nas madrugadas de “semijoias”, sempre com a mesa operadora no 041, prefixo de Curitiba.

No nosso Código Comercial, quando trata dos leiloeiros, a lei  de 1932, diz:  “O leiloeiro tem que apregoar em viva voz”. Isso fazia com que alguns magistrados interpretassem que o leiloeiro tinha de estar frente a frente, olho no olho, com o comprador ao qual estava fazendo as ofertas nos bens. Coisa do passado. Hoje, qualquer órgão público faz seus leilões e licitações por meios eletrônicos. Mas, e no ritmo do leilão, como isso interfere? Para ilustrar, fazemos uma comparação com o fim dos pregões presenciais na Bolsa de São Paulo nos anos 2000. Até então, para se fazer alguma transação de compra e venda de papéis, era preciso mandar uma ordem por telefone para sua corretora, que tinha operadores concretizando os negócios ao vivo no saguão do n° 275 da Rua 15 de novembro, em São Paulo.

Hoje você baixa uma plataforma em seu computador, um home broker, envia a ordem para sua corretora, que retransmite a ordem para bolsa B3, que devolve para a corretora e informa no seu computador o negócio realizado. Veja que sua ordem foi e voltou para quatro lugares em menos de um segundo. Antes de os mercados abrirem, são realizados leilões de ajustes de preços do dia anterior. Quando abrem, quem vai ditar se o preço sobe ou desce são os big-players. E no leilão virtual de gado, como os preços se formam, quem dá o ritmo? 

O leiloeiro normalmente está no estúdio da TV, passando todas as informações do animal a ser vendido, ressaltando seus melhores atributos e advertindo sobre possíveis “defeitos” que foram informados pelo vendedor. Junto com o leiloeiro, assessores técnicos também estão nos comentários. Alguns lances são captados pelos assessores e até mesmo pelo leiloeiro. Porém, 90% das ofertas são transmitidas para a mesa operadora, que fica no escritório da leiloeira. Lá ficam os operadores/assessores que tiram dúvidas dos investidores, passam informações, recebem as ofertas, transmitem ao estúdio de TV e colocam de verdade o ritmo no leilão.  

Quem tem as informações de quantos interessados estão lançando, das “ordens a mercado ou iceberg”, que estão na pedra, é a mesa. Com seu feeling, irá liberar a batida do martelo, o fechamento do preço. Portanto, os big players dos leilões rurais são os produtores, eles que ditam se o preço sobe ou desce. E, se pretende fazer melhor “leitura do fluxo”, basta ligar na mesa operadora para lançar. Lá está o seu home broker.

BALANÇO GERAL DO ANO 2019

Omercado de leilões de gado de leite no ano de 2019 foi mais tranquilo do que em anos anteriores. Aliás, isso foi somente o reflexo do momento que o País atravessa. A ala mais otimista não se decepcionou. Já os que esperavam menos se surpreenderam positivamente. No geral, atingimos um número maior em leilões ante anos anteriores, assim como de faturamento. As médias nos valores pagos pelo gado superaram as de 2018.

Um dado relevante a se levar em conta foi o número de leilões transmitidos pela Embral TV, que superou os números de leilões com transmissão em canais especializados: 60% contra 40%. Para 2020, esses números tendem a se distanciar  ainda mais.

Em nome da Diretoria da Embral Leilões, agradecemos a todos os vendedores e compradores que confiaram mais uma vez seus investimentos à nossa equipe. Aos nossos colaboradores que, sem o total empenho com que nos ajudam, não conseguiríamos mais uma vez terminar o ano na liderança absoluta do segmento leiteiro.

Um feliz Natal, próspero ano-novo, e que venha 2020!

Pensou em Leite, pensou Embral!

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