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MERCADO

Rafael Ribeiro

Zootecnista, msc. Scot Consultoriaa

Recuos no mercado do milho

Os preços estiveram mais frouxos no mercado brasileiro em novembro, com queda do dólar, menor ritmo das exportações e a maior oferta do lado vendedor. Segundo levantamento da Scot Consultoria, na região de Campinas (SP), a saca de 60 quilos fechou cotada em R$ 82,00, sem o frete (20/11), um recuo de 2,4% no acumulado do mês.

Apesar da queda, a cotação do cereal está 8,2% acima da média de outubro último e, na comparação com novembro de 2019, o milho está custando 79,6% mais este ano. Para o curto prazo, a expectativa é de mercado mais calmo e quedas nos preços do cereal não estão descartadas, a depender do dólar e do clima (e situação das lavouras de verão). De qualquer forma, os baixos estoques internos deverão limitar os recuos nos preços no curto e médio prazos.

Produção de milho no Brasil e Estados Unidos

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou no dia 10 de novembro seu 2º levantamento de acompanhamento da safra brasileira 2020/21, em fase de semeadura. Com relação ao milho de primeira safra, a área semeada foi revisada para baixo em 1%, em relação ao estimado para este ciclo, no relatório de outubro. Na comparação com a safra passada (2019/20), a área deverá ser 2% menor na safra de verão. A produtividade média também foi revisada para baixo, em 0,1%, frente a estimativa passada, mas está 5,2% acima do rendimento médio da safra passada.

Com isso, é esperada a colheita de 26,49 milhões de toneladas de milho na primeira safra ou safra de verão 2020/21. Esse volume é 1% menor que o estimado anteriormente (relatório de outubro), mas, ainda assim, é 3,1% maior que o colhido na safra passada (2019/20).

No total (1º, 2º e 3º safras), o País deverá colher 104,89 milhões de toneladas de milho em 2020/21, 0,3% menos que o estimado em outubro para a safra atual, mas 2,3% maior que o colhido no ciclo passado.

Com relação à demanda doméstica, foram mantidos os 71,83 milhões de toneladas estimadas para a temporada atual, assim como as estimativas de exportações foram mantidas em 35 milhões de toneladas.

Dessa forma, os estoques finais no Brasil estão estimados em 9,45 milhões de toneladas de milho, frente aos 9,68 milhões de toneladas estimadas anteriormente (outubro) e aos 10,49 milhões de toneladas em estoques finais em 2019/20. É o menor estoque desde 2015/16.

EUA – No relatório de novembro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para baixo a produção norte-americana de milho em 2020/21, em fase final de colheita (95% colhido até o dia 15/11).

Foi estimada colheita de 368,49 milhões de toneladas, frente aos 373,95 milhões de toneladas previstas anteriormente para o ciclo atual. Apesar da redução, o volume ainda é maior que os 345,96 milhões de toneladas colhidas na safra anterior (2019/20).

Outro destaque do relatório foi o aumento previsto nas importações de milho da China, que passaram de 7 milhões de toneladas para 13 milhões de toneladas na temporada 2020/21. Os Estados Unidos deverão atender a boa parte desse incremento. Os chineses importaram 7,6 milhões de toneladas de milho no ciclo passado (2019/20).

Panorama das exportações brasileiras de soja e milho em novembro

Em novembro, até a segunda semana, o Brasil exportou, em média, 252,34 mil toneladas de milho em grão por dia. O volume caiu, ante as 257,84 mil toneladas embarcadas por dia em outubro último, mas cresceu 22,8% em relação à média de novembro de 2019, que foi de 205,51 mil toneladas diárias.

No caso da soja em grão, o País exportou, em média, 103,9 mil toneladas diariamente em novembro até então. Os embarques diários caíram 16,6% na comparação com o mês anterior e foram 58% menores que a média registrada em novembro do ano passado.

Tanto para o milho como para a soja, as quedas do dólar frente à moeda brasileira influenciaram as cotações nos portos e as negociações nas últimas semanas. No mais, a disponibilidade interna de soja e milho está pequena e deverá aumentar somente a partir de janeiro/fevereiro de 2021, com a colheita da safra de verão 2020/21.

A partir daí é esperado aumento gradual nos embarques brasileiros de soja, enquanto as exportações de milho estarão mais concentradas no segundo semestre, após a colheita da segunda safra (safra de inverno).

Preço da polpa cítrica subiu 119,2% no acumulado de 2020

Os preços da polpa cítrica subiram no mercado interno este ano acompanhando as fortes altas do milho e a maior procura por alimentos concentrados alternativos, como a polpa, sorgo, etc. Segundo levantamento da Scot Consultoria, em novembro, a tonelada da polpa cítrica peletizada (granel) foi comercializada, em média, por R$ 1.315,00 sem o frete, em São Paulo.

Houve alta de 9,1% na comparação mensal e em relação a novembro do ano passado o insumo está custando 172,6% mais este ano. No acumulado de janeiro a novembro de 2020, o preço dos insumos subiu 119,2%.

Para o curto prazo, a menor pressão sobre os preços do milho, devido às recentes quedas no câmbio, chuvas mais regulares, negócios travados no mercado interno, entre outros, poderá tirar também a sustentação das cotações da polpa cítrica no mercado brasileiro.

De qualquer forma, tanto no caso do milho como da polpa cítrica, os baixos estoques internos deverão limitar as quedas nos preços por ora.

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