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MERCADO

Rafael Ribeiro

Zootecnista, msc. Scot Consultoriaa

Revisão para baixo na primeira safra de milho no Brasil

Clima adverso, em especial no Sul do País, levou a revisões para baixo na produtividade média das lavouras de verão. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou no dia 13 de janeiro seu quarto levantamento da safra brasileira de grãos 2020/21.

No caso do milho de primeira safra (safra de verão), houve revisão para baixo, de 1,8%, na produtividade média brasileira, em comparação com as estimativas de dezembro de 2020. A área semeada foi revisada para cima, em 0,6%, na comparação com a previsão anterior.

Com o rendimento médio caindo mais do que o aumento na área, a estimativa é de queda de 1,1% na produção brasileira na primeira safra 2020/21, ante a previsão anterior.

Em relação ao ciclo passado (2019/20), a expectativa é de recuo de 6,9% no volume produzido do cereal na safra de verão, o equivalente a 1,78 milhão de toneladas a menos no ciclo atual. A colheita da safra de verão ou primeira safra deverá ganhar força em fevereiro.

No total (primeira, segunda e terceira safras), o Brasil deverá colher 102,31 milhões de toneladas de milho nesta temporada (2020/21). Esse volume é 0,3% menor que o estimado no relatório anterior e 0,2% abaixo do colhido na safra passada (2019/20).

As revisões para baixo nas expectativas com relação à safra brasileira de milho colaboraram com as altas nos preços do cereal no mercado interno em janeiro de 2021.

Preços do milho subiram em janeiro/21

As cotações iniciaram o ano em alta no mercado brasileiro. Na região de Campinas (SP), a referência está em R$ 87 por saca de 60 quilos, sem o frete, alta de 11,5% no acumulado do mês (20/1). Além do dólar em patamares maiores nas primeiras semanas, os vendedores estiveram resistentes nas pedidas de preços, diante da oferta menor no mercado interno neste momento que antecede a colheita da safra de verão (primeira safra) 2020/21.

As preocupações com a situação das lavouras de milho de verão continuam e colaboram com o viés de alta sobre os preços. Para o curto prazo, ou seja, até a colheita da safra de verão ganhar força no País, em meados de fevereiro, o viés é de alta nos preços, diante da menor disponibilidade interna e da retomada gradual da demanda.

Além do consumo doméstico aumentando, é esperado um bom volume exportado pelo Brasil neste começo de 2021, até os embarques de soja aumentarem, em fevereiro/março, conforme avança nossa colheita.

Apesar dos fundamentos altistas, destacamos que o dólar, se cair, poderá contrabalançar as expectativas de preços firmes e em alta no mercado interno no curto e no médio prazos.

Alta nas cotações do farelo de soja e do grão

Mercado firme e alta nos preços da soja em grão e do farelo de soja no primeiro mês de 2021. A alta do dólar frente ao real, a baixa disponibilidade interna e as incertezas com relação à safra na América do Sul (2020/21) deram sustentação aos preços da soja em grão no mercado brasileiro.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, em Paranaguá (PR), a referência para o grão está em R$ 169 por saca de 60 quilos (20/1), alta de 16,6% no acumulado do mês. Na comparação com a média de janeiro do ano passado, o grão está custando 85,8% mais este ano.

Para o farelo de soja, a referência em São Paulo está em R$ 2.781,11 por tonelada, sem o frete, alta de 1,3% em relação ao fechamento de dezembro/20. Em relação a janeiro de 2020, o farelo está custando 100,8% a mais este ano.

Para o curto prazo (fevereiro), a baixa disponibilidade interna e a retomada da movimentação são fatores de sustentação dos preços da soja no mercado brasileiro, até a colheita avançar e a oferta do grão aumentar. Com relação ao farelo, a expectativa é de aumento nos esmagamentos a partir de meados de fevereiro, com o avanço da colheita do grão. Com o atraso na semeadura da soja 2020/21, a colheita deverá ganhar força mais para meados de fevereiro/21.

Preços dos adubos subiram com o dólar valorizado no início do ano

A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) divulgou, no fim de 2020, os dados referentes às entregas de adubos no Brasil em agosto do ano passado. O volume totalizou 4,38 milhões de toneladas, 1,2% menos na comparação com agosto de 2019. Foi o primeiro mês de queda na comparação mês a mês. No acumulado de janeiro a agosto de 2020, foram entregues 24,78 milhões de toneladas de fertilizantes no País, 12,3% mais frente ao mesmo período do ano anterior.

A expectativa da Scot Consultoria é de que tenham sido entregues entre 39 milhões e 39,5 milhões de toneladas de adubos no Brasil no ano que se encerrou, o que seria um volume recorde. O recorde até então foi registrado em 2019, quando as entregas no mercado brasileiro totalizaram 36,24 milhões de toneladas.

Com relação aos preços, apesar da menor movimentação no mercado interno nas primeiras semanas do ano, houve alta, por causa da forte valorização do dólar ante o real. Segundo levantamento da Scot Consultoria, as cotações dos fertilizantes nitrogenados subiram, em média, 0,6% na primeira quinzena de janeiro/21, em relação ao fechamento de dezembro/20. Para os adubos fosfatados e potássicos, os aumentos nos preços foram de 0,4% e 0,2%, respectivamente, no mesmo período.

Para o curto prazo, ainda é esperada uma baixa movimentação com relação à procura por adubos no mercado interno. Desta forma, o câmbio será um fator importante na precificação dos fertilizantes, em reais.

Rentabilidade da atividade leiteira em 2020

A Scot Consultoria calcula anualmente a rentabilidade média das atividades agropecuárias e de outras opções de investimento de capital. Para esse cálculo são utilizados modelos econômicos que levam em consideração fatores estimados para cada negócio agropecuário (índices técnicos, localização e estrutura produtiva), conforme o nível tecnológico. Nesse sentido, ressaltamos que os resultados apresentados podem ter significativa variação, conforme alteração dos índices produtivos.

Com isso, a rentabilidade média da atividade de alta tecnologia (25 mil litros/ha/ano) cresceu, passando de 0,91% em 2019 para 1,99% em 2020. Foi o segundo ano de alta consecutiva, ainda que de forma tímida. Para os sistemas com produtividade média de 4,5 mil litros por hectare por ano (baixa tecnologia), a rentabilidade foi negativa em 6,14%. Este foi o nono ano consecutivo de rentabilidade negativa, porém o menos baixo dos últimos cinco anos.

Destacamos que, em 2020, do lado da demanda, depois da situação mais complicada no início da pandemia (março/20), com o fechamento dos estabelecimentos comerciais, a situação melhorou no segundo semestre, com os pagamentos dos auxílios emergenciais.

Diante desse cenário mais concorrido, houve forte valorização no preço do leite ao produtor no passado, mas com aumento expressivo nos custos de produção, o que comprometeu a margem da atividade.

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