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MERCADO

Jéssica Olivier

engenheira agrônoma e analista de mercado da Scot Consultoria

Revisão para baixo na produção de milho primeira safra e de soja no Brasil

Em fevereiro, a Companhia Nacional de Abastecimento divulgou o seu quinto levantamento de acompanhamento da safra brasileira de grãos (2021/22). Para o milho de primeira safra, em fase de colheita, houve revisão para baixo em 1,4% na produção em relação ao estimado no relatório anterior. O destaque se mantém para a quebra de safra nos Estados do Sul do País, com revisão negativa em 7,8% na produção da região frente a janeiro/2022.

As expectativas seguem positivas para a produção de milho segunda safra, com previsão de aumento de 41,7% frente à safra 2020/21, com a colheita de inverno estimada em 86,05 milhões de toneladas. Sustentam o cenário positivo para a produção de milho safrinha o bom ritmo da colheita de soja no Centro- Oeste, permitindo o avanço do plantio da cultura dentro da janela ideal e os preços atrativos do cereal no mercado interno.

A produção de soja brasileira foi reduzida em 15 milhões de toneladas, ou em 10,7% ante as estimativas do relatório anterior da Conab. A expectativa é de que 125,4 milhões de toneladas sejam colhidas, volume 9,2% menor que a safra 2020/21, com produção de 138,15 milhões de toneladas.

A queda na produção nacional foi em função da revisão negativa em 11,1% na produtividade das lavouras, com destaque para o Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul.

A produção na Argentina e no Paraguai também sofreu com o clima, e a colheita para a safra 2021/22 foi estimada em 45 milhões e 6,3 milhões de toneladas de fevereiro, queda de 1,5 milhão e 2,2 milhões de toneladas, respectivamente, frente às expectativas de janeiro (USDA).

Do lado dos preços, para soja, no Porto de Paranaguá (PR), os negócios chegaram a R$ 198,00/saca ao longo da primeira quinzena de fevereiro, perdendo força com o dólar e o avanço da colheita, negociada a R$ 194/saca (18/2). No acumulado de fevereiro, a oleaginosa acumula alta de 2,1%.

Já no mercado do milho, em Campinas (SP), o preço ficou em R$ 100 por saca de 60 quilos (18/2), recuo de 2,5% no acumulado de fevereiro, puxado pelo câmbio e relativo aumento na disponibilidade no mercado, mas, ainda assim, a cotação acumula alta de 7,5% em 2022.

Volume de fertilizantes entregues cresce e preços recuam

A Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) divulgou, em fevereiro, os dados de entregas de fertilizantes no Brasil em novembro de 2021. Naquele mês, foram entregues 4,2 milhões de toneladas de adubos, crescimento de 16,8% comparado a novembro de 2020, quando foram entregues 3,59 milhões de toneladas.

Com isso, no acumulado de janeiro a novembro de 2021, as entregas totalizaram 42,54 milhões de toneladas de fertilizantes, alta de 2,04 milhões de toneladas frente à quantidade total entregue em 2020. Na comparação entre 2020 e 2021, apenas em abril o volume entregue foi menor.

Apesar da crise política envolvendo Rússia e Ucrânia, grandes produtores de fertilizantes, que à primeira vista prejudicou o fornecimento e os preços dos fertilizantes potássicos, houve queda nas cotações dos fertilizantes nitrogenados.

A demanda brasileira atual está menor, em função da compra antecipada dos fertilizantes necessários para plantio da segunda safra, que está em andamento, e os recentes recuos na cotação do dólar, que pressionaram o mercado.

Houve queda de 10,4% na cotação da ureia agrícola e de 7,4% na cotação do nitrato de amônio em comparação com a primeira quinzena de janeiro.

Leite ao produtor: expectativa de queda nos preços

No pagamento realizado em janeiro, que remunera a produção entregue em dezembro, o preço do leite pago ao produtor caiu em função do aumento da captação no Centro-Oeste e no Sudeste e da redução da demanda típica do período do início do ano. Considerando a média nacional ponderada dos 18 Estados pesquisados pela Scot Consultoria, a queda foi de 0,9% em relação ao mês anterior.

O cenário foi de alta na captação de leite em dezembro, mas de queda em janeiro (dados parciais) na comparação mensal, em função da estiagem em algumas regiões e do custo de produção da atividade elevado, principalmente pelo lado da alimentação concentrada.

Para o pagamento a ser realizado em fevereiro/22, referente à produção entregue em janeiro/22, o viés é de estabilidade a queda nos preços do leite pago ao produtor, com 54% dos laticínios pesquisados apontando estabilidade, 31% estimando queda e 15% falando em alta.

Para o pagamento a ser realizado em março/22 (produção entregue em fevereiro/22), a expectativa é de queda mais acentuada na produção, o que pode colaborar com a pressão de alta nos preços. As incertezas com relação ao consumo interno e às altas no custo de produção têm preocupado o setor.

Preços firmes para os lácteos no mercado varejista em janeiro

Com o aumento da captação de leite e o consumo de lácteos ainda fragilizado em janeiro, dificultando o escoamento, os preços no atacado recuaram. Entretanto, no varejo, houve aumento na média de preços. No atacado, considerando a média dos produtos e Estados monitorados pela Scot Consultoria, o recuo foi de 0,2% na comparação mensal.

O preço do leite longa vida (UHT) no atacado esteve com preços firmes nos últimos três levantamentos. Na comparação mensal, o aumento foi de 0,6%. No mercado varejista, os preços dos lácteos estão em sentido contrário aos do atacado e, na comparação mensal, houve alta. Considerando a média de todos os produtos pesquisados em São Paulo, em relação a dezembro/21, os preços subiram 0,1%.

Em Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro, considerando a média de todos os produtos pesquisados no varejo, os preços variaram positivamente, respectivamente, 1,3%, 1,6% e 0,3% na comparação mensal.

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