O uso de ventiladores combinado com a aplicação de água sobre as vacas antes da ordenha promove resultados positivos na produção de leite
O estresse térmico, termo que se aplica quando a temperatura do ambiente excede a zona do conforto térmico de um rebanho, é um dos fatores de maior impacto econômico em fazendas leiteiras, tendo efeitos diretos sobre a produção, eficiência reprodutiva do rebanho e redução da produção de leite futura.
A vaca, em zona de conforto térmico, não precisa exercer nenhum mecanismo para aumentar a eficiência de dissipar calor ao ambiente. Já em estresse térmico, o status fisiológico muda, ou seja, todo o seu corpo trabalha de forma diferente.
Para mudar esta realidade, muitos produtores têm investido em salas de resfriamento antes da ordenha. Trata-se de um lugar projetado para o animal receber água e vento, com objetivo de baixar sua temperatura corporal, dando mais conforto.
A ventilação é feita por meio de ventiladores e o vento deve chegar à pele do animal pelo menos 3 metros por segundo. A água deve ser efetivada de como que caia sobre os animais durante um minuto e fique desligada por três. Essa forma de intercalar água e vento, secando o animal, é o que faz ter a perda de calor. Os animais devem ficar em torno de 30 minutos na sala de resfriamento.
Uma vaca vai, em média, de duas a três vezes por dia na ordenha e em cada uma das visitas permanece entre 15 e 60 minutos. Logo, pode ocorrer um grande estresse diário, e consequentemente, queda no consumo de alimento e, em seguida, de produção.
Na maioria do Brasil Central e no sudeste do país, nos deparamos com este problema. Porém, a sala de resfriamento se bem executada de duas a três vezes no dia, dependendo da quantidade de ordenha, pode ser uma alternativa bem viável para ajudar a diminuir essa dificuldade.
Lembre-se: trazer o animal para o resfriamento para não acumular o estresse térmico durante o dia é muito importante para produção de leite e reprodução. Um problema sério na pecuária de leite, por exemplo, é a perda de prenhez do animal e a sala de resfriamento pode ajudar se o motivo da perda for estresse calórico.
E como saber se a sala de resfriamento está sendo efetiva? Para isso, deve-se medir a temperatura retal do animal antes e depois que passar pela sala. A temperatura retal de uma vaca adulta, em lactação, é em torno de 38,5 a 39 graus, no máximo, pois nessa temperatura ela já está entrando em estresse térmico. Se o pecuarista conseguir, em um lote de 40 vacas, diminuir a temperatura retal em torno de 1,5 graus, quer dizer que a sala está sendo efetiva.
Para manter a temperatura corporal conquistada na sala de resfriamento, é importante que a vaca fique o menor tempo possível na sala de espera, para imediatamente entrar na ordenha e produzir muito leite.
Texto redigido por Tiago Ferreira, médico veterinário e gerente técnico de Leite da Alta Genetics