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MERCADO

Jéssica Olivier

Engenheira agrônoma, Scot Consultoria

Sazonalidade dos preços do leite

A safra e entressafra exercem peso na precificação no mercado do leite. Analisando o comportamento histórico de preços do leite longa vida no atacado e do leite pago ao produtor fica evidente a sazonalidade das cotações.

Em síntese, os preços variam ao longo do ano em função da safra e entressafra da matéria-prima (leite cru) e, consequentemente, determinam a disponibilidade de lácteos na indústria e nos supermercados.

No Brasil Central e Região Sudeste de maneira geral, as chuvas têm início em setembro-outubro e se estendem até março-abril. Nesse período, a disponibilidade e a qualidade das pastagens são melhores e a produção de leite tende a ser maior (pico em dezembro ou janeiro).

Exceção ocorre nas regiões onde o inverno é chuvoso (Nordeste) ou há peculiaridades produtivas, como no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, em função das pastagens de inverno nos meses que antecedem a semeadura da safra de grãos e que contribuem com o aumento da produção de leite. Esse é considerado o período de safra nesses Estados.

Já a entressafra começa a partir de março-abril e vai até agosto no Brasil Central. Ou seja, conforme a oferta aumenta os preços tendem a cair e o contrário também é verdadeiro.

Julho é o mês com os maiores preços para o leite longa vida (UHT), segundo a média histórica dos últimos dez anos. Para o produtor, setembro é o mês de maior cotação (pico histórico).

No entanto, tal fato pode não se repetir todos os anos, devido às variáveis produtivas (efeitos climáticos) e de mercado (oferta x demanda).

Nos últimos dez anos, em média, o preço do leite ao produtor (média São Paulo) subiu 13,8% entre janeiro e setembro.

Levando em consideração que no ano vigente tivemos produção menor que o usual, as variações, até o momento, destoaram da média histórica, nos últimos três pagamentos. Entretanto, a tendência continua a mesma.

Com o fim da entressafra e redução no custo com alimentação nos últimos meses, a expectativa é de melhora na captação, assim, devemos ter recuos nos próximos pagamentos.

VALORAÇÃO DE SERVIÇOS AGROAMBIENTAIS

Mudanças nos ecossistemas mundiais foramas mais intensas no último século.

 

No último século, as mudanças nos ecossistemas foram mais extensas e rápidas quando comparadas aos séculos anteriores, no intuito de suprir a demanda crescente por água, alimentos, fibras e demais produtos. Seria de se esperar que alterações no biossistema ocorreriam.

Apesar de grande parte da população ser beneficiada com a exploração de recursos finitos, existe uma parcela que vive em condições precárias. As consequências dessa exploração estão cada vez mais evidentes.

A Avaliação Ecossistêmica do Milênio foi realizada a pedido do Secretário-Geral das Nações Unidas, Kofi Annan, em 2000. Os trabalhos começaram em 2001. O objetivo era avaliar as consequências das mudanças dos ecossistemas mundiais e sua relação com o bem-estar humano.

Dos 24 serviços avaliados, 15 deles, equivalente a 60%, têm sido explorados de forma não-sustentável. Entre eles, citam-se água pura, purificação do ar e água, pesca de captura e regulação climática local e regional.

Os custos, consequências da exploração, são pagos por parcela da população – aumentando a desigualdade e disparidade – ou serão deixados às futuras gerações.

Surgimento – O protocolo de Quioto, assinado em 1997, foi o início do projeto para valoração de serviços agroambientais.
A partir do momento em que países se comprometeram em diminuir a emissão de gases de efeito estufa, os créditos de carbono surgiram e são uma moeda no mercado internacional.
Nesse sentido e numa escala menor, a valoração de serviços agroambientais surge como um incentivo econômico para propriedades com manejos conservacionistas.

Características – As práticas agroambientais se dão por meio de estratégias de comando e controle, no formato de leis, fiscalizações, multas e, posteriormente, adequação às normativas existentes (Código Florestal).
Entretanto, esse tipo de estratégia é negativo às práticas ambientais, uma vez que focam na punição.
Assim, a valoração ambiental é uma estratégia complementar às de comando e controle, sendo positiva, focando na remuneração do agricultor ou pecuarista, contribuindo para a conservação do meio ambiente.

Política existente – Em 2021, foi sancionada a lei de núimero 14.119 que instituiu a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (PNPSA). Esta vem na forma de incentivo monetário para produtores rurais, assentados, indígenas que tenham práticas que corroboram com a melhoria ambiental de forma sustentável, favorecendo o meio ambiente e, por consequência, a sociedade.

Entraves – O Brasil é um país de extensão continental. Suas características climáticas, sociais, econômicas, de vegetação e perfil de produção são heterogêneas.
O ideal, para funcionamento da estratégia de valoração, seria a adoção de diferentes sistemas de pagamento que acompanhem o perfil local.
Assim, os critérios que determinariam a precificação seriam de acordo com os contextos existentes nas subdivisões geográficas mais homogêneas possíveis.

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