A silagem de milho é um dos principais volumosos utilizados na alimentação de vacas leiteiras em todo o país. Nesse sentido, ter conhecimento de como ser eficiente para produzi-la é crucial para alcançar bons números de produtividade e baixos custos alimentares dentro das propriedades leiteiras, silagens com alto teor de amido reduzem o custo com concentrado. Nesse artigo, vamos abordar quais os pontos chaves no processo da ensilagem para se obter uma silagem com alta qualidade.
Primeiramente, é preciso saber onde se quer chegar, ou seja, quais são as características de uma boa silagem?
A produção de uma silagem com boa qualidade deve ter alta produção de toneladas por hectare, alta proporção de grãos e FDN (Fibra em Detergente Neutro) de ótima qualidade. Assim, devemos buscar alta digestibilidade das fibras e do amido dos grãos, atuando em quantidade, textura de grãos e qualidade da forragem.
Após saber quais as principais características de uma boa silagem é preciso ter conhecimento do que realizar para alcançar esses parâmetros. O passo inicial, é o melhor momento para iniciar a colheita.
O ponto ideal é quando a planta possui 32-38% de matéria seca (MS). Abaixo desse valor pode resultar em menor menos amido , excesso de compactação e perda de nutrientes por lixiviação. Em contrapartida, valores acima desse parâmetro podem a dificultar a compactação, ter menor digestibilidade da planta e do amido.
Uma ferramenta interessante para estimar o ponto de colheita ideal, é observar no grão o que chamamos de “Linha do leite” uma divisão no grão com diferença de coloração que fica entre a parte de amido do grão e a solução de glicose que se tornará amido, quando essa linha do leite está entre ½ a 2/3, obedecendo o sentido do topo para a base, a planta apresenta em torno de 32 a 38% da MS. Entretanto, sem dúvida a maneira mais precisa de se determinar o ponto adequado de colheita do milho é através da avaliação da matéria seca, utilizando-se, por exemplo, o aparelho de microondas ou aparelhos de medição de umidade, como o Koster.
Após ter tomado a decisão do melhor momento de iniciar a colheita, há mais um outro passo crucial para alcançar o objetivo final, garantir o corte com tamanho de partícula ideal e uma boa quebra do grão.
Quando o corte da planta é inadequado, como dito anteriormente, as partículas grandes dificultam a compactação e a quebra ineficiente dos grãos levará a um menor aproveitamento dos mesmos fazendo com que apareçam inteiros nas fezes dos animais. Ao mesmo tempo partículas muito pequenas tem efeito negativo na saúde ruminal, pois são incapazes de estimularem a ruminação, o que é fundamental para manter um pH adequado no rúmen. Reduzindo assim o potencial de resultado da silagem, principalmente, em relação a produtividade dos animais. Evidentemente, esse processo vai depender muito de qual maquinário será utilizado. Tamanho de partículas médio próximo a 8 mm tem tido bons resultados.
A utilização de peneiras do separador de Penn State pode auxiliar muito no monitoramento desse processo. Essas peneiras possuem diferentes tamanhos de furos com 19mm, 8mm e o fundo sem furos que formam 3 compartimentos. A fibra retida na peneira de 8 mm é uma mensuração da FDN efetiva, o qual não dever ser menor que 18,5% da MS, parâmetro fundamental para a saúde ruminal, a referência é que a silagem tenha menos de 20% da MN abaixo de 8 mm quando tracionada por trator e ao utilizar automotriz com cracker deve se buscar menos de 30% da MN abaixo de 8mm.
Tão importante quanto estar atento a esse planejamento é avaliar a execução desse processo. É importante afiar as facas de corte da ensiladoura duas vezes ao dia e aproximá-las das contra-facas. Quando utilizar máquinas auto propelidas ficar atento e monitorar a regulagem dos crackers (usados para uma maior efetividade na quebra de grãos). Estas medidas, que não têm custo algum, resolvem facilmente esses problemas.
Após garantir que o material a ser ensilado está com tamanho de partícula e também alto percentual de grãos quebrados, é preciso garantir uma boa compactação. Com o foco de retirar o máximo de oxigênio possível da massa que será ensilada. Além de controlar os microrganismos indesejáveis, favorece a ação das bactérias fermentativas produtoras de ácido láctico, extremamente importantes para a conservação.
O processo de enchimento e compactação deve ser feito de forma a distribuir por todo silo camadas uniformes de espessura média ao redor de 20 a 30 cm. Essas camadas devem ser espalhadas de forma a ficarem inclinadas em direção à entrada do silo ou porta. A compactação deverá ser feita com passagens consecutivas do trator ou pá carregadeira sobre a massa já distribuída.
Silagem colhida no momento certo, picada no tamanho correto, pouco grão inteiro e com uma excelente compactação.
Qual o próximo passo? Garantir uma correta vedação de todo o silo.
A contribuição mais expressiva da etapa de vedação do silo está em evitar a penetração de ar do ambiente externo para o interior. É feita através da cobertura do silo por uma lona. As lonas pretas comumente usadas nas fazendas têm trazido problemas como rasgos, furos, entre outros. Por isso, lonas de dupla face têm dado um melhor resultado. Além disso, tem a vantagem de refletir o calor, o que ajuda a não esquentar o material ensilado. As lonas a serem utilizadas devem ter 150 micras ou mais, para que possam durar mais tempo.
Pronto, silo fechado e com uma silagem de alta qualidade. Fim do processo? Ainda não, a retirada do silo pode levar a perda de toda a eficiência alcançada até o momento, caso não seja realizada de forma correta.
Sendo assim, é fundamental focar em manter o painel do silo o mais plano possível e perpendicular ao solo e laterais. Isso minimiza a área de superfície exposta ao ar. A taxa de retirada deve ser suficiente para prevenir que a silagem seja exposta ao aquecimento e perdas associadas. Recomenda-se a retirada de fatias de silo de pelo 30 cm por dia. Os silos devem ser dimensionados para essa retirada mínima, diminuindo perdas quando o silo é aberto, pois o ar é capaz de penetrar favorecendo o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis. A abertura do silo deve ocorrer por volta de 21 a 30 dias após o seu fechamento. Neste período a silagem já deve estar estabilizada. Se possível cheque a temperatura e o pH da silagem antes de começar a usa-la, são parâmetros indicativos de falhas. A temperatura não pode estar acima da temperatura ambiente o pH na faixa de 4.2, valores acima destes podem indicar a presença de bactérias aeróbias.
Em suma, o processo é relativamente simples, mas com muitos pontos de gargalos durante todo o processamento, por esse motivo o monitoramento de todas as etapas é essencial para alcançar a tão desejada silagem de qualidade. Negligenciar qualquer um desses processos pode custar caro para qualquer propriedade leiteira. Faça o simples, mas faça bem feito e certamente colherá bons frutos. (Equipe da Rehagro)
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