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TENDÊNCIAS

Pedro Braga Arcuri

Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

Soja e milho são ração e bioeconomia

A população mundial está crescendo, vivendo mais, aumentando sua renda e podendo comer mais proteína animal. Soja e milho são commodities, ingredientes universais de ração animal e alimentos humanos. Seus preços são estabelecidos por compradores e vendedores espalhados pelo mundo inteiro. Soja é matéria-prima para a produção de biodiesel. Milho, para etanol. São matérias-primas para biopolímeros que por sua vez são usados na fabricação de plásticos e muitos outros produtos. Por isso, junto com outros produtos agrícolas, são a base da bioeconomia, que pode substituir boa parte do que era produzido somente pela indústria petroquímica, que utiliza o petróleo.

A indústria petroquímica causa mais impacto ambiental. Por isso, empresas e governos buscam soluções mais amigáveis para nós, cidadãos, que somos também consumidores e votantes. A bioeconomia e a “química verde” em geral causam impacto ambiental menor e por isso estão crescendo depressa. Nessa cadeia de interesses, os consumidores influenciam as empresas por meio das suas decisões de compra, e influenciam os governos dos países (e Estados e municípios) no momento do voto, na escolha de seus representantes nos órgãos legislativos e por manifestações, pressionando políticos e outros tomadores de decisão.

A palavra sustentabilidade e a sigla ASG, que vem de Ambiental, Social e Governança ou, no inglês ESG, representam essas mudanças na atividade produtiva humana. Produzir mais soja e milho deve ser feito com o mínimo de impacto ao ambiente e sem destruir florestas. A Embrapa e seus parceiros estão atentos a essas mudanças. Entregas de soluções inovadoras e sustentáveis, promovendo a bioeconomia, fazem parte das prioridades da Embrapa para os próximos anos. Afinal, tudo isso depende de muita tecnologia, investimentos, treinamento das pessoas e empreendedorismo.

Por causa de todo esse novo cenário, envolvendo matérias-primas agrícolas, o preço da soja e do milho não deverá diminuir significativamente. Como fazer para produzir leite? A decisão mais importante, definitiva, sem dúvida é a gestão profissional da atividade. A atividade leiteira precisa ser muito bem planejada. Todos os dias, o produtor de qualquer tipo ou quantidade produzida deve controlar os custos e ser eficiente no uso dos insumos, tendo como objetivo conhecer o retorno econômico daquilo que foi investido.

Uma segunda alternativa, complementar à primeira, é a organização entre produtores. Esta é uma estratégia muito importante para fazer frente à alta dos insumos, sempre lembrada, mas ainda pouco praticada no Brasil. A compra em quantidade, como várias cooperativas já praticam, pode ser seguida por outras formas de organização, com o objetivo de negociar preços e condições de pagamento.

Existe ainda a opção de se usarem alimentos alternativos, que devem ser considerados, pois podem apresentar vantagens. É fundamental conhecer tais alimentos em termos de sua composição nutricional para balancear dietas corretamente, além de saber que o manejo da alimentação será diferente. O uso de dietas que contenham forrageiras leguminosas, fornecidas no cocho com uma gramínea de maior valor nutritivos como o capim capiaçu, é uma dentre muitas opções, por exemplo, para os produtores que estejam explorando nichos de mercado como produção de lácteos artesanais, orgânicos, A2A2. No Brasil são muitas as espécies da família das leguminosas, naturalizadas e da nossa biodiversidade. Tanto a Embrapa quanto instituições estaduais e universidades possuem publicações que devem ser consultadas, assim como deve-se, sempre, contar com assistência técnica para planejar, acompanhar custos e estratégias para a substituição de concentrados.

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