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TENDÊNCIAS

Pedro Braga Arcuri

Pesquisador da Embrapa Gado de Leite

"Os bioinsumos são produtos derivados de muita ciência, com destaque para as soluções desenvolvidas por instituições brasileiras para as nossas cadeias produtivas"

Aumente seu consumo de bioinsumos

O termo técnico é relativamente novo, serve para definir produtos originados de micro- organismos como bactérias, fungos e até vírus, além daqueles oriundos de animais e de extratos de plantas. Exemplos conhecidos são os inoculantes, assim como promotores de crescimento de plantas e animais, como os probióticos e as substâncias e organismos usados em controle e armadilhas biológicas.

Na cadeia do leite, os inoculantes para silagens aumentam a segurança para a forragem ser mais bem conservada, assim como vacas bem manejadas respondem economicamente aos probióticos, que podem também agir eficazmente nas diarreias das bezerras.

Os produtores brasileiros de soja não usam adubos nitrogenados caros e poluentes porque, há vários anos, para cada plantio, adquirem inoculantes comerciais contendo bactérias fixadoras do nitrogênio. Outro excelente caso brasileiro é o controle biológico de pragas, usado em cerca de 10 milhões de hectares de diferentes culturas, gerando em 2020 cerca de R$ 1,18 bilhão, faturamento que não levou em consideração as vendas de produtos para o controle biológico dos carrapatos, já disponível no mercado.

Destaco também que o aumento da eficiência no uso de fertilizantes promovida por diferentes tipos de bioinsumos desenvolvidos no Brasil permitem que mais nutrientes contidos nos adubos químicos sejam absorvidos pelas culturas e nas pastagens. Esse tipo de resultado ganhou ainda mais importância devido à trágica invasão da Ucrânia pela Rússia. Aumentar o uso desses produtos nacionais reduzirá a dependência da importação de insumos pelo agronegócio brasileiro, garantindo nossa soberania, além de diminuir o impacto ambiental do agro.

É muito importante que os produtores não tenham preconceitos quanto a esses produtos, achando que, pelo fato de serem à base de organismos, são somente alternativas aos meios convencionais de produção como defensivos e fertilizantes químicos. Muito pelo contrário, os bioinsumos são produtos derivados de muita ciência, com destaque para as soluções desenvolvidas por instituições brasileiras para as nossas cadeias produtivas. É uma tendência que está aumentando sua participação no mercado, tanto pela sua aceitação por produtores devido à sua efetividade, quanto pela decisiva e irreversível opção dos consumidores por sistemas de produção ambientalmente sustentáveis.

O deputado Zé Silva, ex-presidente da Emater-MG, e outros congressistas defendem os bioinsumos e sua regulamentação, argumentando que “não significa que se trata de agricultura orgânica, mas uma maneira de fabricar produtos biológicos para conseguirmos um equilíbrio entre produzir alimentos e preservar o meio ambiente”.

Uma tentação é comprar o bioinsumo e passar a produzi-lo na propriedade. Ocorre que são produzidos em fábricas com controle rigoroso de assepsia e condições para o crescimento das espécies de interesse comercial, e só dessas. Quem “fabricar” o seu bioinsumo corre o sério risco de contaminar seu negócio com organismos indesejáveis. O Congresso Nacional e o Ministério da Agricultura estão de olho nisso. Não dá para pensar em bionsumo pirata, sem controle. O Projeto de Lei 658/2021 é uma garantia para que os bioinsumos de fato aumentem produtividade no campo porque terão critérios de biossegurança para serem fabricados.

Como produtor, junte-se a essa tendência adotando bioinsumos na produção de silagens de melhor qualidade, no controle biológico de carrapatos e outras pragas, na desinfecção de equipamentos, no uso mais eficiente dos adubos, e fique atento: em breve, o ecossistema de inovação do agro entregará novos e surpreendentes bioinsumos.

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