A fazenda de maior volume de leite retraiu sua produção em 2015. Este é apenas um dos vários indicadores apontados pelo Levantamento Top 100, realizado pelo portal Milkpoint, a partir dos maiores produtores do País
O ano de 2015 não foi fácil para os produtores de leite, considerando que houve aumento dos custos de produção em todas as regiões, independentemente do tipo do sistema de produção adotado. Além disso, o preço médio pago pelas indústrias foi menor do que em anos anteriores. Mesmo assim, os grandes produtores confiam na atividade e planejam aumentar o volume produzido nos próximos três anos, segundo o Levantamento TOP 100, que identifica as maiores fazendas leiteiras do País.
No estudo realizado pelo portal Milkpoint, os 100 produtores relacionados somaram uma produção de 564,8 milhões de litros em 2015. A Fazenda Colorado, localizada em Araras-SP, se apresenta como a maior produtora, com média diária de 60.729 litros, apesar de ter reduzido o volume 3,4% em relação ao ano anterior. A produção individual foi de 22.166.124 litros/ano, que é um volume superior ao produzido em 5.157 municípios brasileiros do total de 5.506 que produzem leite.
Em três fazendas citadas, o volume diário de leite foi superior a 53 mil litros; em quatro outras, sendo duas em Minas Gerais e duas no Ceará, a produção variou de 30 a 40 mil litros/ dia. Os Estados do Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul abrigam 11 produtores de 21 mil a 30 mil litros/dia. Entre os TOP 100, 49 fazendas produziram diariamente de 10 mil a 20 mil litros, e em 35 a produção foi de 7 a dez mil litros/dia.
O Estado de Minas Gerais concentrou o maior número de grandes produtores, com 42 fazendas apresentando volume entre 7 mil e 40 mil litros/dia, que foram responsáveis por 35,8% do total produzido pelos 100 maiores (tabela 1 e figura 1). No grupo de grandes produtores brasileiros, o Paraná participa com 20 deles, com produção variando de 7 mil a 30 mil litros/dia. Oito produtores são paulistas que produzem de 8 mil a 61 mil litros/dia, e entre eles estão os três maiores do País. Goiás é o terceiro em número de produtores e o quarto em volume produzido, com 61,3 milhões de litros/ano.
Comparando dois momentos do levantamento, de 2006 e 2016, observa-se um aumento do volume de leite produzido por este seleto grupo em 57%, passando de 359,4 milhões para 564 milhões de litros de leite/ano. Em 2006, a média de produção diária do centésimo produtor foi de 5.400 litros/ dia, e em 2016, 7.493 litros.
No período de 10 anos, na Região Sudeste, aumentou o número de representantes em Minas Gerais, reduziu em São Paulo, deixou de participar um produtor do Rio de Janeiro e foi incluído um no Espírito Santo. O leite mineiro cresceu 53,2%, alcançando 202,1 milhões de litros em 2016 (tabela 1). Em São Paulo, apesar da redução do número de produtores, o volume se manteve, aproximadamente 84 milhões de litros.
Goiás, que possuía três representantes com média de 13 mil litros/dia, passou a contar com 11 produtores, com média de 15 mil litros/dia, sendo três produtores com produção diária variando de 20 a 30 mil litros. O Estado do Ceará dobrou o número de produtores, de três para seis fazendas, e o leite triplicou, passou de 14,6 milhões para 47,9 milhões de litros/ano, com três grandes produtores, de 28, 34 e 35 mil litros por dia. Na Bahia ocorreu uma situação semelhante à do Ceará, passando a contar com duas fazendas com 11 mil e uma com 20 mil litros/dia.
Estados do Sul aumentam volume
O Paraná reduziu os produtores e a produção aumentou 35,2%, e o Rio Grande do Sul e Santa Catarina tiveram o mesmo número de fazendas, porém aumentou em 61% o volume do leite gaúcho, e em 100%, o do catarinense.
O levantamento TOP 100-2016 passou a contar com nove produtores que não foram considerados no ano anterior. Onze deles mantiveram a posição no ranking, 54 fazendas tiveram uma classificação melhor do que 2015 e 26 produtores não conseguiram manter a posição.
O confinamento total dos animais foi o sistema de produção em 49% das fazendas. Em 19% das propriedades, as pastagens são a base da alimentação volumosa do rebanho, e em 34% dos sistemas pode-se considerar como misto, onde o pasto é importante, mas não exclusivo como volumoso. Os sistemas mistos são mais frequentes no Nordeste, e o confinamento, nas regiões Sul e Sudeste. No Centro-Oeste há um equilíbrio entre os sistemas utilizados nas fazendas consideradas no levantamento. Observa-se também o sistema compost barn entre os grandes produtores.
O gado Holandês é a raça predominante na maioria dos rebanhos classificados no ranking TOP 100. Em 35 fazendas, o rebanho é Girolando, em seis propriedades é o Gir leiteiro ou Jersolando, e cinco produtores têm o gado Jersey, mas ainda é comum os sistemas terem mais de uma raça na exploração leiteira.
O custo de produção de leite foi apontado como um dos grandes desafios que os produtores têm nos próximos anos. Manter o equilíbrio entre o aumento dos preços dos insumos e a eficiência dos sistemas de produção está cada vez mais difícil. O desafio que vem em seguida, citado pelos produtores, é a mão de obra, com pequena disponibilidade e dificuldades em relação à qualificação para os trabalhos exigidos na atividade leiteira.
Outros itens também foram citados pelos produtores TOP 100, tais como sanidade do rebanho, conforto animal, preparação da alimentação volumosa, reprodução, obtenção de crédito, gestão de pessoas, clima e cenário político. Os desafios citados pelos grandes produtores servem também para todos os outros que pretendem ter sucesso na atividade.