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Cuidados e manutenção preventiva das máquinas, além de garantir a eficiência na operação, preserva esse patrimônio de alto valor na fazenda

MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

Você faz a manutenção

preventiva adequada de suas

MÁQUINAS?

Fique de olho nas dicas a seguir para não ter problemas e muita dor de cabeça justo naquele momento em que mais precisar desses equipamentos

João Antônio dos Santos

Numa propriedade leiteira são diversos os aspectos do processo de produção, em suas várias etapas, que estão na base do sucesso atividade: produtividade, qualidade do produto final e, fechando o círculo, a rentabilidade. Dentre esses aspectos, destacamos máquinas e equipamentos, um patrimônio de alto valor e que merece toda a atenção do produtor e dos operadores quanto aos cuidados e à manutenção correta para garantir seu eficiente funcionamento, assim como prolongar sua durabilidade.

“Minha primeira observação ao produtor de leite quanto às suas máquinas e equipamentos é de que a manutenção preventiva está ligada diretamente à duração da vida útil desse bem. Ou seja, sua longevidade em operar com eficiência”, diz Felipe Gabriel Lorenzoni Martins, engenheiro agrícola com mestrado em máquinas e mecanização agrícola e instrutor no Senar-MG na área de operação e manutenção de máquinas agrícolas. Ele cita, para ilustrar, que para um trator agrícola se estima que tenha uma vida útil de pelo menos 15 mil horas de serviço, em média. “Essa máquina foi desenvolvida para isso e, se não receber os cuidados e as manutenções preventivas recomendadas pelo manual do fabricante, certamente não atingirá esse tempo e apresentará problemas nas operações às quais for submetida.”

E por que muitas vezes as máquinas começam a ter problemas bem antes de seu período de vida útil? Reforçando: por não serem seguidas criteriosamente as recomendações do manual da máquina. “Em consequência, entram as manutenções corretivas, trocas de peças, etc., que têm um custo muito mais alto para o proprietário. Na pior das hipóteses, ocorre a interrupção de operações importantes na fazenda, que o produtor sabe o quanto isso pode lhe causar em prejuízos (por exemplo, no momento da colheita da silagem, na mistura e distribuição da ração total nos cochos)”, destaca Martins.

Felipe G. F. Martins ministrando treinamento sobre manutenção preventiva para operadores de máquinas

Filtro sedimentador sujo

Filtro sedimentador limpo

Com base em seus conhecimentos e na experiência com as máquinas nas fazendas, ele aponta algumas das principais falhas que têm encontrado em decorrência de o operador não seguir as recomendações dos manuais do fabricante. Por exemplo: Por falta de conhecimento e até mesmo por economia, o operador e/ou proprietário acha que é só fazer a troca de óleo do motor periodicamente que está garantida a manutenção preventiva da máquina. “Porém, há outros itens de fundamental importância que têm de ser observados, como o óleo da transmissão, do eixo dianteiro, do câmbio e do diferencial, entre outros. Eles precisam ser lubrificados no período estipulado pelo manual da máquina”, diz ele.

Tipo de graxa – Outro erro muito comum nas fazendas, relacionado à lubrificação, refere-se à escolha do óleo e da graxa, em que não se seguem as especificações recomendadas. As graxas, por exemplo, podem ser fabricadas com diferentes tipos de “sabão”, que indica sua base, como a de cálcio, de sódio, de lítio, sem sabão, etc. “No caso da graxa recomendada para máquinas agrícolas, é a de base de lítio. Mas, por falta de conhecimento e buscando economizar, o operador utiliza a mais barata, à base de cálcio, por exemplo”, pontua.

Qual é a consequência de não seguir a especificação? Ele explica que a graxa tem uma propriedade chamada ponto de gota, que indica a temperatura em que ela derrete. Como é utilizada em mecanismos abertos, ela não pode derreter, pois não vai lubrificar adequadamente o mecanismo. Só para se ter ideia, o ponto de gota da graxa à base de lítio é de 180oC, enquanto o ponto de gota da graxa à base de cálcio é de 70oC.

Filtro de óleo obstruído, o que prejudica o funcionamento da máquina

Então, a máquina trabalha algumas horas e essa graxa fora da especificação vai derreter e escorrer, prejudicando o mecanismo, que vai trabalhar sem a devida lubrificação. “O resultado disso é que o mecanismo fica sem lubrificação e começará a apresentar problemas nas articulações, como folgas, quebras de rolamentos, de buchas, obrigando à sua troca bem antes do tempo de sua vida útil. Essa busca pelo menor preço é uma falsa ideia que vai cobrar uma fatura muito mais cara lá na frente”, alerta Martins.

Embora a recomendação de lubrificação varie conforme o fabricante, o indicado é que, no geral, seja feita a cada dez horas de uso, em média. A graxa de cálcio, por exemplo, com duas ou três horas de serviço já estará escorrendo. Com isso, a máquina vai trabalhar seis, sete, oito horas ou mais, sem a devida lubrificação. No caso de um produtor de leite, que não usa o trator ou vagão misturador continuamente por várias horas, a lubrificação poderá ser feita a cada dois a três dias, em que se completariam aquelas dez horas (ou conforme as instruções do fabricante).

Quanto à escolha do óleo para o motor, usualmente, a indicação do fabricante da máquina é o 15W40, e troca no prazo indicado no manual. A falha que geralmente ocorre é que muitos operadores se preocupam com essa troca de óleo do motor, não dispensando a devida atenção a outros aspectos importantes da lubrificação de outros mecanismos. Por exemplo, ao mecanismo de transmissão, do qual fazem parte o câmbio, diferencial, reduções finais eixo dianteiro.

É muito comum os operadores irem pelo “achômetro”, verificando a cor do óleo, por exemplo, mas o fundamental é checar a viscosidade, se há vestígios de água e/ou impurezas no óleo em uso. Tal qual no caso das graxas, também com óleo há as especificações para cada mecanismo e que devem ser observadas à risca.

Nesses mecanismos, a recomendação da maioria dos fabricantes para o eixo dianteiro, e reduções finais, tanto dianteiras como traseiras, é o óleo 90. A classificação API dos óleos lubrificantes determina o nível de qualidade do produto, podendo, nesse caso, ser o GL4 ou GL5, sendo que este último tem melhor qualidade, por conter mais aditivos que melhoram suas propriedades. Só que na hora em que o proprietário vai fazer a troca, ele desconhece essa classificação API e acaba comprando o produto mais barato.

“Os dois são óleo 90, mas com nível de qualidade diferente. Pode-se dizer que 100% dos fabricantes recomendam a utilização do GL5, pois o sistema de transmissão do trator é bastante exigido, e, por ser máquina de tração funcionando muitas vezes por horas seguidas, exige lubrificante de melhor qualidade. Consequências: maior desgaste prematuro dos componentes, rolamentos, engrenagens, eixos, levando à troca deles”, assinala Martins.

Vale notar que essa questão da correta lubrificação com o produto específico, segundo a recomendação do manual da máquina, serve para todos os tipos de máquinas e equipamentos agrícolas, como vagão misturador de ração, colheitadeiras, caminhões, camionetes, entre outras. Claro que cada uma com suas especificações indicadas pelo fabricante.

A busca do menor preço do produto, junto com a falta de conhecimento, vai acarretar prejuízos mais à frente. É claro que essas falhas não vão prejudicar a máquina de imediato, mas vão se acumulando no tempo, provocando problemas até chegar à quebra do componente e à necessidade de troca.

Processo de produção não pode correr o risco de parar por falta de manutenção correta


As atividades de uma propriedade rural produtora de leite, seja ela de pequeno, médio ou grande porte, atendem a uma rotina diária preestabelecida e que não podem ser interrompidas ou cumpridas em partes, sob o risco de se quebrar uma cadeia produtiva e com prejuízos incalculáveis, daí a necessidade de dedicação, atenção e cuidados especiais contínuos às máquinas e equipamentos.

Tais cuidados são indispensáveis principalmente nas propriedades rurais com rotinas diárias de trabalhos preestabelecidas, como é o caso da produção de leite. “O produtor necessita de pessoas com o conhecimento adequado de todas as máquinas e equipamentos para se proceder a uma rotina de verificações, de forma a prevenir eventuais interrupções nas operações e assim criar uma rotina de prevenções, evitando eventos indesejáveis”, reforça Joaquim Ferreira, especialista em máquinas agrícolas e coordenador de Marketing do produto LS Mtron.

Joaquim Ferreira, especialista em máquinas agrícolas e coordenador de Marketing do produto LS Mtron

Além de todas as indispensáveis manutenções preventivas, ele lembra sobre a importância de o produtor contar com o trator apropriado para as condições da propriedade e os tipos de serviços necessários. Assim, é preciso considerar alguns aspectos, tais como:
• Tamanho da área destinada à operação
• Tipo de trabalho a ser executado
• Transmissão adequada aos diversos tipos de operações
• Potência na TDP adequada à necessidade da operação e cultura
• Potência do motor
• Conforto operacional

“A observação desses quesitos é essencial para que se faça um investimento de forma adequada em um trator, considerando-se algumas variáveis, como eficiência de campo, jornada de trabalho, operações diárias, entre outras”, assinala Joaquim Ferreira.

Também são importantes alguns cuidados simples que nem sempre são praticados em muitas propriedades rurais, o que acaba, ao longo do tempo, prejudicando as máquinas e os equipamentos – seja em sua eficiência operacional, seja em sua durabilidade. “De forma geral, o que observamos em algumas propriedades rurais é que o trator, por se tratar de um equipamento destinado a trabalhos pesados, de certa forma é considerado um equipamento rústico. Daí é deixado ao acaso do tempo, isto é, fora de um abrigo adequado e com acúmulo de resíduos sobre sua estrutura.”

Outro ponto fundamental é estabelecer uma rotina de manutenção para a prevenção de eventos que possam interromper a operação diária, fazendo um check list antes de iniciar os trabalhos, como:
• Níveis de óleo do motor, transmissão, sistema hidráulico, direção
• Pontos de lubrificação a graxa
• Nível do líquido refrigerante do motor
• Nível do combustível
• Estado e tensionamento da correia do ventilador
• Calibragem dos pneus, entre outros

De tempos em tempos, checar os seguintes itens:
• Folga do pedal de embreagem
• Ajuste da altura dos pedais de freios
• Aperto das porcas e parafusos fixadores das rodas

E, por fim, o produtor deve seguir rigorosamente e executar todas as orientações contidas no manual do operador fornecido pelo fabricante, que indica como proceder às revisões nos períodos indicados, solicitar intervenções, caso necessárias, somente ao concessionário, que conta com técnicos treinados pela fábrica.

Vagão misturador – A atenção do produtor deve estar sempre ligada à produtividade do rebanho por um lado, e também à eficiência de funcionamento e vida útil de suas máquinas, no caso, aqui, do vagão misturador, conforme ressalta Fabrício Pimenta Ribeiro, do departamento pós-vendas da Ipacol. “Sendo assim, o produtor vai estar sempre supervisionando os trabalhos dos seus funcionários e garantindo um trabalho de qualidade ao seu rebanho 365 dias ao ano.”

Como os vagões misturadores efetuam uma mistura homogênea do trato animal, de modo a garantir que eles comam por igual tanto o concentrado quanto o volumoso, é indispensável manter essa operação com eficiência. Daí vale reforçar o alerta quanto aos riscos da não checagem dos itens fundamentais no implemento, como nível de óleo, calibragem de pneus, limpeza, lubrificação de rolamentos e mancais, apertos de parafusos, conforme recomenda o fabricante no manual do equipamento. “Não verificar constantemente esses itens pode causar danos irreparáveis em componentes muito importantes e de alto custo de reposição.”

Fabrício Pimenta Ribeiro, do departamento Pós-vendas Ipacol

A limpeza do equipamento é essencial para a vida útil, pois ao mesmo tempo em que este passa pela limpeza, pode-se aproveitar e fazer a inspeção de aspectos básicos para seu bom funcionamento. “No caso dos vagões misturadores, a silagem e os suplementos minerais podem provocar alta corrosão na estrutura do equipamento (caixa de carga e rolos misturadores), portanto, a nossa recomendação é a limpeza diária, justamente para evitar esse tipo de inconveniente.”

 

Rotina de cuidados – Por isso, é fundamental ter uma rotina de manutenção para evitar a quebra do implemento, com a consequente interrupção da tarefa que vai levar à queda da produtividade da propriedade. “O usuário deve cuidar de sua ferramenta de trabalho, de seu patrimônio, que deve estar todos os dias disponível para o trato animal”, diz ele, indicando alguns pontos principais da verificação diária do equipamento, como limpeza bem feita, lubrificação de rolamentos e mancais e nível de óleo do reservatório hidráulico e redutores, calibragem dos pneus (se houver), etc.
E, periodicamente, conforme recomenda o manual do equipamento, a troca de filtros e óleos do reservatório hidráulico e redutores. “O que recomendamos é sempre procurar pessoal especializado, com capacidade e conhecimento. A capacitação técnica do funcionário e proprietário é imprescindível para fazer o certo e evitar as famosas ‘gambiarras’. Também ler o manual é fundamental e ajuda muito nesta capacitação.”

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