Nossa realidade é de aumento da população mundial. Proteínas de origem animal constituem alimentos essenciais, destacando-se o leite, com características nutricionais insuperáveis”
Nos rebanhos leiteiros nacionais ainda não chegamos ao patamar de 90% das fêmeas leiteiras inseminadas artificialmente, como nos países industrializados. Porém, de 2019 a 2020, relatório divulgado pela Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) informou que o total de doses coletadas alcançou 2.363.022, ante 1.739.568 doses do ano anterior. Isso representa 26,4% a mais, impressionante para tão pouco tempo. Em parte, esse resultado se deve a ações de parcerias entre prefeituras, cooperativas e alguns políticos, que, por meio de emendas parlamentares, financiam treinamento, fornecimento de insumos e assistência técnica.
Foi um ótimo crescimento, mas temos ainda muito o que avançar no leite, afinal, o Brasil já é campeão da inseminação artificial em gado de corte.
Vejamos o caso da Índia. O organismo estatal para o desenvolvimento da produção leiteira (NDDB, em inglês) informa que acima de 70 milhões de inseminações foram realizadas naquele país em 2017. O crescimento em 15 anos foi de 354%, isto é, de menos de 20 milhões de doses em 2002 para mais de 70 milhões, na última avaliação. Na média entre Estados, 30% do rebanho leiteiro indiano recebeu inseminação artificial. Algumas razões apresentadas para esses resultados nos dois gigantescos países têm semelhanças: restam algumas dificuldades na prestação do serviço e na manutenção dos insumos em regiões grandes (preços acessíveis, abastecimento de nitrogênio líquido, dificuldade de compra de insumos como palhetas, etc.), ou dificuldade para realizar treinamentos e, também, a existência de uma parcela decrescente dos produtores que ainda não está convencida da eficácia da técnica. Tudo isso está mudando.
Com o crescimento do mercado de sêmen para produção de leite no Brasil, o que era uma tecnologia do futuro há cerca de 100 anos, ou menos, volta a ser futuro considerando-se o aumento no seu uso e o apoio recebido por stakeholders, como os já citados. A volta ao futuro está associada a mais tecnologias, como sêmen sexado, seleção genômica e sem esquecer as tecnologias digitais, como sensores para detecção do cio e aplicativos que facilitam a gestão do rebanho.
Nossa realidade é de aumento da população mundial. Proteínas de origem animal constituem alimentos essenciais, destacando-se o leite, com características nutricionais insuperáveis. Por isso, o futuro é dos produtores que otimizarem seu sistema de produção e o adequarem às demandas dos consumidores. Para tanto, o aumento da eficiência reprodutiva, via inseminação artificial, é essencial e precisa ser feito com biosseguridade, boas práticas de produção e de saúde animal, evitando assim as poucas desvantagens dessa tecnologia, como a possibilidade de disseminação de vírus e bactérias pelo sêmen, a perda de diversidade genética e de fertilidade do rebanho.
Como na trilogia de filmes de Hollywood, nos quais o excêntrico cientista conseguia ir e voltar do futuro, o crescente uso da inseminação artificial nos rebanhos leiteiros brasileiros é como uma volta ao futuro. Ao contrário dos filmes, inseminação artificial não é uma invencionice. Ao contrário, tem sólida história de resultados na melhoria genética e no aumento de sólidos do leite. Está garantida por uma indústria madura, com logística melhorada a cada dia para a distribuição de material genético de qualidade e insumos necessários em mais de 75% do território nacional. Além disso, conta com o apoio de vários setores da cadeia. Essas são garantias que, voltando ao que foi futuro, no passado, estaremos nos aproximando mais rapidamente de novos limiares de aumento da produção e da qualidade do leite brasileiro.
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